Levantamento da
Ong Transparência Brasil revela uma série de acusações e processos
contra as autoridades que deveriam estar fiscalizando o uso do dinheiro
público
Flavio Asevêdo
Um relatório da
Ong Transparência Brasil revela que apesar das indicações e de alguns
fazerem parte de clãs políticos, os conselheiros do Tribunal de Contas
do Estado da Paraíba (TCE-PB) integram uma das únicas seis cortes de
contas do país que não tem nenhuma pendência na justiça por qualquer
tipo de crime, como improbidade administrativa, lavagem de dinheiro,
corrupção passiva, entre outros. O levantamento revela uma série de
acusações e processos contra as autoridades que deveriam estar
fiscalizando o uso do dinheiro público.
Segundo o
levantamento, 53 conselheiros respondem a processos na justiça, o que
corresponde a 23% do total. Destes, 19 já foram condenados por crimes
como improbidade administrativa, irregularidades na prestação de contas
de gestão, desaprovação de contas eleitorais e falsidade ideológica.
Além da Paraíba, apenas os Tribunais de Contas Estaduais do Tocantins,
Pernambuco, Bahia, Maranhão e o Tribunal de Contas do Município de São
Paulo não tem citações judiciais.
O estudo mostra
também que 80% dos conselheiros já ocuparam um cargo eletivo e 31% são
parentes de outros políticos, muitos deles tendo sido indicados por
tios, primos, ou por irmãos governadores. Na Paraíba, dos seis
conselheiros que compõem a Corte de Contas, apenas um deles não tem nem
ligações com políticos e nem exerceu qualquer cargo eletivo ou em
governos estadual ou municipal, que é o conselheiro André Carlo Torres
Pontes. Formado em direito, ele foi professor universitário e
procurador.
O conselheiro
Fábio Túlio Filgueiras Nogueira foi vereador em Campina Grande pelo PMDB
e PSDB por três vezes, secretário municipal de Turismo, Comunicação e
Esporte; secretário de Governo e Coordenação Política e deputado
estadual.
Fernando
Rodrigues Catão, já foi secretário de Planejamento e Coordenação Geral
do Estado entre os anos de 1991-1994 / 2003-2004, além de exercer outros
cargos públicos. Ele é tio de Cássio Cunha Lima (PSDB), que, inclusive,
o nomeou conselheiro. Catão é cunhado de Ronaldo Cunha Lima, que também
já foi governador da Paraíba, tio-avô do deputado federal Pedro Cunha
Lima (PSDB), concunhado do ex-senador Ivandro Cunha Lima, tio de Romero
Rodrigues (prefeito de Campina Grande), tio avô do deputado estadual,
Pedro Cunha Lima (PSDB) e sogro do deputado estadual Tovar Correia Lima
(PSDB).
O conselheiro
Arthur Paredes Cunha Lima foi deputado estadual, secretário estadual de
Administração, chefe da Casa Civil e secretário de Justiça e Cidadania.
Ele é primo do senador e ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), do
deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) e do ex-governador Ronaldo
Cunha Lima (PSDB). O conselheiro, Antônio Nominando Diniz Filho, foi
depuatdo estadual pelo PDS e pelo PMDB e secretário regional de Medicina
Social. Ele é filho do ex-deputado estadual Antônio Nominando Diniz.
Arnóbio Alves
Viana, que foi prefeito de Solânea, deputado estadual e assessor
especial para assuntos jurídicos da Secretaria de Administração
estadual.
Custos dos tribunais
O estudo revela
ainda que os custos para a manutenção dos tribunais de contas são tão
altos que, em alguns estados, o orçamento total do TCE se assemelha ao
da Assembleia. Esse é o caso dos tribunais do Amazonas e Rio Grande do
Sul, por exemplo. Na Paraíba, os custos do TCR, de R$ 117.264.675, em
2015, representou 46% do orçamento da ALPB, que foi de R$ 257.274.210.
Já em relação ao orçamento do Estado, o gasto com o TCE representou, na
Paraíba, 1,11% do total de R$ 10.527.259.233, do orçamento estadual.
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