O
Palácio do Planalto já admite uma eventual vitória do deputado Hugo
Motta (PMDB-PB), aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), para a eleição da liderança do PMDB na Casa este ano.
Mas, adotando uma estratégia diferente de articulações anteriores no
trato com a base aliada, o Executivo não vai intervir em disputas a fim
de buscar a pacificação na bancada peemedebista qualquer que seja o
vencedor
O Planalto não quer melindrar o lado derrotado na disputa
e, como consequência, reavivar a tensão no importante partido aliado às
vésperas de uma definição na Câmara sobre a admissão do processo de
impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Embora o núcleo
duro do governo considere que a possibilidade de afastamento da petista
perdeu força, o PMDB terá papel decisivo no desenlace do processo: oito
das 65 cadeiras da Comissão Especial do impeachment. A posição da
legenda tende a ter seguida por outras da base aliada.
Os
ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva
(Comunicação Social) conversaram com Motta e Jaques Wagner (Casa Civil)
deve fazer o mesmo em breve. A ideia, no caso de vitória do deputado
aliado de Cunha vencer, é garantir desde logo o acesso ao peemedebista. A
avaliação é a de que a eleição de Motta não seria “o fim do mundo”,
segundo um assessor da presidente Dilma Rousseff.
Após as
dificuldades da crise política de 2015, o governo pretende alcançar uma
estabilidade mínima dentro da coalizão na Câmara para barrar o
impeachment e tentar aprovar em 2016 propostas impopulares como a CPMF e
uma reforma da Previdência.
A avaliação é que a eleição para
líder da bancada peemedebista, a maior da Casa, com 67 deputados, será
fundamental nessa estratégia. Por isso, o discurso é de não apoiar, seja
em público ou nos bastidores, qualquer uma das candidaturas, a de Hugo
Motta ou a do atual líder e candidato à reeleição, o governista Leonardo
Picciani (RJ). “Não há nenhum sinal de intromissão do governo no
processo”, disse Motta.
O grupo de Picciani avalia que o governo
vem, de fato, se mantendo oficialmente neutro na eleição da bancada. No
entanto, ao conservá-lo na interlocução das demandas dos peemedebistas
da Câmara, o Planalto tem ajudado indiretamente Picciani a se cacifar
como elo confiável entre o Executivo e os parlamentares, fazendo com que
ele conquiste votos para sua recondução à liderança.
Picciani diz
entender a posição do governo e não considera a postura oficial como
sinal de abandono. “O governo não fará nenhum movimento brusco”,
concluiu.
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