quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Bactéria parente da cólera é detectada em córrego do DF

Vibrio cholerae foi encontrada três vezes em córrego próximo a aeroporto.
Tipo não transmite doença, mas pode gerar graves infecções intestinais.


Córrego do aeroporto onde foi encontrada bactéria Vibrio Cholerae (Foto: Reprodução)Córrego do aeroporto onde foi encontrada bactéria Vibrio Cholerae (Foto: Reprodução)
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal detectou a bactéria Vibrio cholerae – espécie que pode causar cólera – pelo menos três vezes entre setembro e dezembro em um córrego próximo ao Aeroporto de Brasília. Relatórios obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que o mesmo tipo de bactéria foi encontrado outras 16 vezes em estações de tratamento de esgoto.
Após as análises, foi verificado que o tipo da bactéria não é uma das responsáveis por produzir a toxina que transmite a cólera – que provoca diarreia, vômitos e desidratação intensa.
De acordo com a infectologista Eliana Bicudo, do Hospital Santa Luzia, o micro-organismo pode causar infecção intestinal em quem consome a água. “Se for um bebezinho ou um idoso, a pessoa pode até morrer. Nos extremos da vida, a infecção intestinal é sempre um mistério.”
Ao G1, a especialista diz que não se surpreende em encontrar a Vibrio cholerae em dejetos. “É esperado encontrar a bactéria em estações de esgoto, mas em córregos, isso sugere contaminação de esgoto nessa água”, continuou a infectologista.
A Secretaria de Saúde informou que a bactéria pode ser encontrada “em qualquer lugar do meio ambiente” e que monitora a presença do micro-organismo desde 2013. De acordo com a pasta, em 2015 foram coletadas 65 amostras e só em uma foi identificada a bactéria capaz de produzir a toxina que transmite a cólera.
“As áreas de monitoramento no DF abrangem todas as estações de tratamento de esgoto da Caesb (14, ao todo) além do córrego de acesso ao aeroporto. Após a coleta, as amostras são enviadas ao Laboratório Central do DF para análise”, disse a secretaria. O material também é enviado para o Instituto Fiocruz para segunda análise.

Segundo a secretaria, nunca houve registro de cólera em moradores do DF. “Entre 1991 e 2006 foram registrados no DF 21 casos importados. O último caso foi em 2006, de um paciente que veio da África”, informou.

Primeira vez
Em setembro de 2015, foi identificada pela primeira vez a bactéria transmissora do cólera no DF. Ela foi detectada em uma estação de tratamento de esgoto da Companhia de Saneamento Ambiental na Asa Norte x. À época, a Vigilância Epidemiológica emitiu um alerta para hospitais do DF e profissionais de saúde. Os pacientes que chegassem com sintomas da doença deveriam ser isolados e os casos deles passaram a ser notificados.
G1

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