segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Vacina contra dengue do Butantan inicia última fase de testes

Estudo vai aplicar imunização em 17 mil voluntários de todo o Brasil.

Instituto espera que produto esteja disponível para registro em 2018.

Mariana LenharoDo G1, em São Paulo
Vacina contra dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan pode entrar em última fase de pesquisa em breve (Foto: Camilla Carvalho/Acervo Instituto Butantan)Ampolas da vacina contra dengue desenvolvida pelo Butantan (Foto: Camilla Carvalho/Instituto Butantan)













A vacina contra dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan começa a ser submetida, nesta segunda-feira (22), à fase 3 de testes clínicos. Esta é a última etapa antes que a vacina possa ser submetida à avaliação da Anvisa para registro.
Esta fase deve começar com a vacinação de 1,2 mil voluntários pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). A instituição é uma das 14 credenciadas para a realização dos testes clínicos no país. Ao todo, 17 mil voluntários de todo o Brasil devem receber a imunização.
Nesta segunda-feira, 10 voluntários já devem receber o produto no HC-FMUSP. Todos os participantes devem ser acompanhados por cinco anos para verificar a eficácia e a duração da proteção da vacina contra o vírus da dengue.
A presidente Dilma Rousseff deve assinar, no início da tarde desta segunda-feira, um contrato entre o Ministério da Saúde e a Fundação Butantan para a realização dos testes no restante do país.
O desenvolvimento desta vacina é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). A vacina é feita com os próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue sem desenvolver os sintomas relacionados a eles.
Os testes têm mostrado que bastará uma dose para que a vacina seja eficaz. Trata-se da vacina brasileira contra dengue em fase mais avançada de desenvolvimento.
Fases da pesquisa
Nesta etapa de testes, dois terços dos voluntários receberão a vacina e um terço receberá placebo. O objetivo é verificar, depois de um período, se o grupo que foi vacinado teve uma redução considerável de casos de dengue em comparação ao grupo de controle. Isso permitirá verificar a eficácia da vacina.
Segundo estimativa do Instituto Butantan, todos os 17 mil voluntários devem ser vacinados em até um ano. A instituição acredita ser possível que a vacina esteja disponível para registro até 2018.
Até agora, 900 pessoas já receberam a vacina nas fases anteriores de testes clínicos: 600 pessoas na fase 1 e 300 na fase 2. Esses testes permitiram concluir que a vacina é segura e é capaz de induzir no organismo a produção de anticorpos contra os quatro vírus da dengue.
Voluntários
Podem ser voluntários pessoas saudáveis, que tiveram ou não dengue e que tenham de 2 a 59 anos. No estado de São Paulo - onde, além do HC-FMUSP, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo também fará os testes - já há 2 mil interessados em participar.
Os outros 12 centros no Brasil que também realizarão os testes ainda não divulgaram o cronograma de vacinação. Eles ficam em Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), São José do Rio Preto (SP) e Porto Alegre (RS).
Interessados em se candidatar podem procurar o SAC do Butantan pelo e-mailsac@butantan.gov.br.
Outras vacinas
A Anvisa já autorizou o registro da vacina contra dengue desenvolvida pela farmacêutica Sanofi Pasteur no fim de 2015, mas o produto ainda não entrou no mercado brasileiro. Chamada DengVaxia e indicada para pessoas de 9 a 45 anos, a vacina também foi aprovada no México, em El Salvador e nas Filipinas.
Estudos clínicos demonstraram que, a partir dos 9 anos de idade, a vacina da Sanofi foi capaz de reduzir em 66% o número de casos de dengue. Esta foi a primeira vacina de dengue a ser aprovada no mundo. Nas Filipinas, a imunização já teve início, segundo anúncio feito pela empresa nesta segunda-feira.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está envolvida em dois projetos de vacina contra dengue. A farmacêutica japonesa Takeda também está na corrida pelo desenvolvimento de uma imunização contra o vírus.

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